A revelação da extravagância como o oposto da escassez foi um momento de virada neste projeto. As peças se organizaram, e todas as pesquisas e conversas começaram a fazer sentido. Como uma cortina que se abre, e uma luz brilhante pede passagem para entrar.
Começamos a retomar nossas transcrições e pesquisas, e começamos a buscar peças para organizar este novo tabuleiro, de forma que fizesse sentido. Mas não só no sentido de expandir nosso observador, mas que pudesse servir para algo maior: para criar, para desenhar, para transformar.
Nos deparamos com padrões de elementos, similaridades e diferenças. E o que começou a ficar evidente é que escassez e extravagância são tão opostos que muitas vezes se confundem. Como os dois lados opostos da mesma moeda, mas que ainda assim, são a mesma moeda.
Mais uma vez vimos que, do ponto de vista ontológico, a extravagância também é um julgamento, que pode ser fundado ou não, dependendo do paradigma a partir do qual estamos julgando, e que, além disso, é definido e define o observador que sou da realidade. E do ponto de vista generativo, a extravagância também é uma narrativa, uma história, que molda o observador que somos.
Assim como nos debruçamos em observar e extrair distinções (na linguagem), do que fomos pesquisando, escutando, refletindo sobre a escassez e a abundância numa matriz do SELPH (somático, emocional, linguagem, práticas, história), também o fizemos para a extravagância. Quando habitamos a extravagância como seres humanos, qual SELPH aparece? Podemos perceber então:
Somático
Contração, desconexão, aceleração, impulsividade, estar no automático, estar fora do centro (agindo a partir de tendências condicionadas), em stress, hiperinflado, com muito tônus, mais além do que é vital, todos os excessos e exageros.
Emocional
Medo (disfarçado de auto suficiência), controle, desconfiança, insuficiência, insatisfação, isolamento (disfarçado de independência), frustração, competição, insegurança (disfarçada de arrogância), egoísmo (disfarçado de caridade), ingratidão, ansiedade, ambição.
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Edson Matsuo